sexta-feira, 10 de setembro de 2021

A ESCOLA CUSQUEÑA

ESCOLA   CUSQUEÑA

 

CUSQUENA         

 

Para  converter  os nativos da America, os     jesuitas que aqui chegaram  no século  15 precisavam de imagens. Todas as religiões pré existentes tinham  seus deuses, esculturas em pedra. Na Europa, as imagens eram criadas por  artistas, sempre padres que pintavam imagens nas paredes das  igrejas e também  ícones  portáteis em  madeira,.A igreja controlava  toda a técnica, o motivo e também as cores. O papel não existia e a imprensa acabara de ser inventada. A Biblia impressa em pergaminho era caríssima e estava fora do alcance de uma pessoa comum e mesmo da maioria dos religiosos, o mesmo acontecendo com  as copias manuscritas  .   A gravura, que barateava o custo da pintura de imagens apenas  acabara de ser introduzida na Europa. Os  religiosos decoravam  historias e trechos sobretudo do Novo Testamento coma a vida de Jesus e tinham  que  catequizar os  nativos só com palavras , no Novo Mundo.

No  Perú, a  capital Cuzco logo foi  invadida e governada pelos espanhóis  que fundaram Lima e  trouxeram  para cristianizar os nativos, os padres da Companhia de Jesus, recém fundada  na  França.

Com uma missão, em  1575 chegou

o  artista jesuita italiano Democrito Bernardo Bitt  que  foi encarregado de    pintar as igrejas .Bitti  nasceu em Camerino , em 1548 e  esteve na Espanha, de onde saiu infuenciado pela escola sevilhana, sobretudo pelo famoso Luis de Morales (Badajóz,1510)  Viajou pela America do Sul e  começou  a ensinar os nativos em Cuzco.. Essa    escola  começou em  1583 e  Bitti foi seu primeiro mestre. Deixou discípulos talentosos como os peruanos Gregorio Gamara  e  Basilio de Santa Cruz, 1635-1710

 Ele não inventou a arte Cusqueña. Trouxe da Europa o estilo maneirista. Mais suave e frivolo que o barroco em voga  na Europa que passou aos alunos.  Morreu em Lima, em 1610 deixando um acervo que hoje pode ser visto na Catedral de Lima e no Museu Arqueológico de Cuzco e também em igrejas  da Bolivia.

A escola Cusquena  foi a primeira escola de pintura religiosa das Americas e se espalhou até o século  18 pela Bolívia, Chile e Equador. Um de seus mais  importantes  alavancadores   foi o bispo  de Cuzco Manoel de Molinedo (Madri  1626-Cuzco 1695), que  mandou restaurar igrejas, construiu  outras 50 dando aos artistas peruanos  trabalhos que  pela categoria,  ganharam fama fora da   America Latina,   

O ultimo representante dessa escola foi  Marcos Zapata, nascido em Cuzco, -1710-1773, que  decidiu adaptar  a  escola européia às características locais, o que marcou  a escola Cusquena e influenciou os artistas indígenas que  aprenderam com ele e vieram depois.

A arte Cusquena é dramatica, escura . tem  profusão de detalhes, e  riqueza  nas vestimentas. Fora das paredes, nos quadros portáteis, era pintada em tecidos  artesanais, com lã de ovelhas pelo de lhama só existentes na região,   A representação das imagens de santos caracterizou  essa arte na America Latina para sempre. Ao contrario da  arte maneirista a  Virgem, por exemplo, talvez pelos ensinamentos  passados aos artistas nativos como sendo  a mãe de Deus é  retratada  como uma rainha, com coroa e manto  rígido, reto, lembrando mais as  figuras eclesiásticas  da igreja que a  mulher  humilde   citada na Biblia. Um bom exemplo é a Virgem de Guadalupe. Esse manto, passado às imagens esculpidas em pedra e madeira,   fora da arte Cusquena,  como no Brasil são de um incrível mau gosto, pois perderam a qualidade artistica quando foram vulgarizadas depois  de  exaustivamente copiadas.

Mesmo  essa escola  tendo  revelado muitos talentos artísticos, grande parte da pintura Cusquena não  está identificada, como nos primórdios da arte religiosa na  Europa e no Oriente,  quando os padres  permaneciam anônimos até  mais ou menos  1300.

 

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