A evolução
da estética
Nenhum aspecto da arte evoluiu tanto na historia quanto a
estética... Ainda hoje, muitos nem separam uma palavra da outra. Estética é
arte, arte é estética. Mas quem acompanha um pouco as manifestações contemporâneas
da arte, tem visto que esse conceito já
não existe. Um monte de sucata enferrujada
e gasta jogada num canto pode ser uma
obra de arte E indo mais longe ao século
XVII Rembrandt pintou um boi
esquartejado Que distancia das figuras angelicais de Renoir com seus rostos
corados.
Mas o que é a estética e quando os artistas
começaram criar
obras com equilíbrio, composição, ordenação e proposição?
Cada técnica seguiu um
caminho.
Dizem que até na Grécia classica o conceito de estética não existia.
Aristóteles foi o primeiro a dizer o que era
isso, mas Platão professor dele,
ligava o belo ao bom, quer dizer, o belo estava ligado à moral. E todas aquelas
maravilhas eram criadas baseadas no que?
É bom lembrar que a Grécia tão valorizada por
criar todas o s parâmetros vigentes no
ocidente, como a democracia, a arte, a filosofia, a literatura, a arquitetura
e etc, só amava o belo da natureza.
O feio, o mau, era descartado. Crianças que nasciam com deficiências fisicas
eram atiradas num precipício, permanecendo
só os belos capazes e perfeitos. Os bons.
Se a arte, mesmo sem parâmetros esteticos
se baseava na natureza animal e vegetal, então tinha que ser perfeita. Os
artistas faziam copias do que já havia sido criado. Os que
criavam obras “feias” ruins, eram multados.
Então só ficou o belo. Daí porque só conhecemos da arte grega o perfeito.
Mas voltando atrás, esse mesmo principio deve ter
valido para os artistas da pré historia e posteriormente os do Egito, onde
também não havia cânones estéticos, mas religiosos. Na pintura, onde os cânones
estéticos são diferentes da escultura. artistas
pintavam magnificamente paredes em amplos espaços. A harmonia devia ser um dom nato do artista, porque o que sobreviveu mostra
verdadeiras obras de arte. .
Já no Egito a religião fez com que copiassem ipsis literes
a natureza.O retrato devia ser exatamente como a aparência do morto, na porta do sarcófago. Assim, o canone a seguir
era a natureza, Antes do século XV quando Leonardo determinou as relações do
corpo humano, os egípcios olhavam e tentavam
recriar harmoniosamente a criação humana
e animal como ela era E havia escolas onde deslizes eram corrigidos. Não estavam objetivando criar uma
obra de arte esteticamente correta, mas
uma copia do já existente E em milênios não era permitido inventar, A natureza estava ali, do mesmo
jeito, o homem tinha dois braços, dois olhos, uma cabeça.
E a pintura, apesar de
engatinhar nessa época, na
decoração dos tumulos é, não só muito agradável
, harmoniosa,, descritiva como original. Ninguém na época fazia igual. Nem
noutra época,
A copia da natureza na
antiguidade deve ter permeado sobretudo
a escultura. Mas o artista levou tempo
para aprender a copiar figuras Hà
mais de vinte mil anos, as vênus de pedra
ou barro, de pequenas dimensões, eram
sempre feias, uma mais que a outra. Dizem
que as primeiras esculturas nem foram em cerâmica ou pedra mas em ossos de
animais e humanos. A habilidade foi
evoluindo. Na Mesopotamia as esculturas ainda eram pesadas, mas no Egito podiam
ser leves graciosas e proporcionais, Um
exemplo de arte escultórica impressionante é a estatua de Miquerinos, em
bronze que está no Museu de Chicago em
bronze.
Milênios de pratica depois, ficou fácil fazer
uma imagem `a semelhança do homem.. Mas na
pintura criar um quadro esteticamente
razoável não dependia apenas de observar bem o tamanho da arvore, das flores,
do campo ou da montanha, as proporções dos animais e do homem. No quadro, tinha
que ficar equilibrada. Então só dependia da sensibilidade artistica do pintor.
A paisagem só aparece na Europa no século XVIl, porque antes a igreja só
mandava pintar santo, também de acordo com os cânones religiosos, não~estéticos.
, Mas na China, parece ter começado uma escola
de paisagistas. . Antes que na Europa, as escolas de arte estabeleciam padrões estéticos que
tinham que estar em harmonia com a natureza. No século X a pintura foi elevada às arte maior. . E essa pintura conhecida hoje mostra que
quando na Idade Média filósofos estabeleceram teorias estéticas, o que foi ensinado aos artistas nas Escolas
européias era similar à estética
chinesa.
A estética tem
como base a natureza desde sempre O que muda na expressão artistica é que
um artista de talento enxerga a natureza de maneira singular, ao
passo que os demais olham e registram de maneira vulgar; Van
Gogh elogiou o seu conterrâneo Rembrandt dizendo que ele retratava a
velhice com todas as suas marcas, a vida gasta, a realidade, a dor. E ele
também via beleza nos girassóis secos, com
sua vida se esvaindo.
Já a arte islâmica, na
maioria das vezes obedecendo as leis mosaicas que proibem a copia da figura,
teve que recriar a natureza. Os mulçulmanos achavam que copiar a figura ou a
natureza era querer imitar Deus,concorrer com Ele. e isso era heresia. Assim, na busca de outras
formas, o resultado é sensacional tudo
recriado. Vê-se nos tapetes a natureza
estilizada , e tão maravilhosamente harmonioso e com cores perfeitamente
combinadas;
O olhar
do apreciador também muda porque hoje pór exemplo, contemplando uma
obra que nos chega de milênios atrás, nosso olhar acha belo não apenas a criação do
artista, mas o que o tempo acrescentou a ela, sujeira, danos etc isso tudo
somado às condições em que foi criada numa época em que tudo era tão difícil.
Quer dizer, o contexto cultural .. No Seculo V antes de Cristo, um ateniense teria
achado ridículo alguém colocar num museu (os museus já existiam lá) uma vênus
de mármore da qual a pintura, tão vibrante havia desaparecido , sem um ou dois
braços ou desprovida de cabeça ou nariz; Para nós, a essa arte nada
falta, mesmo porque talvez o tempo ajude a finalizar a obra. O mármore, branco, assim como a porcelana na China, valoriza a habilidade do escultor destacando-a, a pintura só a
mascara,
O que vemos hoje é justamente
isso, o artista tenta mostrar que não é o perfeito que é belo. Mas talvez o
imperfeito, o imprevisto, o inacabado.